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DANIEL MARTINS

Daniel Martins Quinta da Serrinha

Produtor de Azeite e Fundador da Quinta da Serrinha

Behind Business  - Como é que isto tudo começou?

Daniel - Começou há cerca de 5 anos quando estava desempregado. Estava à procura de um emprego de que gostasse e comecei a interessar-me pelo azeite. Como os meus pais já tinham um olival, comecei a experimentar trabalhar na agricultura. Comecei, fui aprendendo e decidi criar uma marca de azeite, para poder ser eu mesmo a comercializar em vez de o vender a granel. Naquela altura vendia aos amigos, aqui no Porto, quando cá vinha, e quando as coisas começaram a ficar mais profissionais decidi apostar na colocação em lojas e depois na exportação.

Quais são as tuas maiores dificuldades em gerir um negócio?

A exportação é a parte mais complicada porque nem sempre é fácil convencer os potenciais importadores. É necessário muitas vezes bater à porta, ser persistente. Outra dificuldade é fazer com que as pessoas aprendam a distinguir entre o bom e o mau azeite; infelizmente, mesmo em Portugal, num país produtor de azeite, há muita gente que ainda não sabe fazer essa distinção e apenas consome o que já conhece. Nós, produtores, tentamos também educar as pessoas mas é um processo a longo prazo. No entanto, vejo um crescente interesse nos jovens, o que é muito positivo.

E quanto à produção?

Quanto à produção, o grande desafio são as alterações climáticas; as pragas repentinas, que surgem muitas vezes devido às primeiras, e as secas. As alterações climáticas são um grande desafio para os produtores.

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"Outro momento que me deixa feliz no trabalho é quando as pessoas me reconhecem como “O Azeiteiro”, ou como “Daniel, O produtor de azeite”; ser reconhecido por aquilo que eu faço e pelo produto que eu tenho dá-me muita força para continuar"

Consegues descrever um dia bom e um dia mau no teu trabalho?

Um dia bom é quando recebo uma grande encomenda de garrafas do azeite da marca que vendo no estrangeiro, o Facetas. Ou então quando cai na conta bancária essa encomenda porque às vezes… Ou então no momento da primeira prova do azeite e me apercebo que ele está bom, e quando passado um mês ou mais ainda está óptimo, digo para mim mesmo “Assim vou conseguir ir mais longe!”. Esse momento também origina uma sensação muito boa. Outro momento que me deixa feliz no trabalho é quando as pessoas me reconhecem como “O Azeiteiro”, ou como “Daniel, O produtor de azeite”; ser reconhecido por aquilo que eu faço e pelo produto que eu tenho dá-me muita força para continuar.

Um dia mau é …. verter azeite no armazém. Deixa-me tão enervado! Já me aconteceu estar a encher um barril e depois pus-me a fazer outra coisa e quando olhei já estava a transbordar e perdi uns litros valentes. Depois ponho-me a fazer contas ao prejuízo… ora bem, cada litro daquele azeite vale X, então já perdi Y! No chão! E fico chateado.

 

Mas isso é uma má manhã ou uma má tarde. Agora, o que me deixa verdadeiramente chateado por alguns dias é …. Por exemplo, este ano caiu uma geada. E houve várias oliveiras, as mais pequenas, que partiram por causa do gelo; eram as mais novinhas e partiram. Fiquei chateado. Depositei muito trabalho naquelas oliveiras.  Mas no final, há mais momentos positivos do que momentos negativos.

Após esses momentos negativos, onde é que vais buscar a força que te faz continuar?

Aos momentos bons que disse antes. Bem, também sou teimoso…! Mas é preciso viver no presente e não pensar tanto no futuro e no passado, porque as coisas vão indo e vindo. É preciso é não ter a corda ao pescoço. Se a tivermos,  então é mais complicado. É por isso que é preciso dar um passo de cada vez e não ser tolo. Não investir demasiado.

Essa tua veia empreendedora nasceu contigo ou foste tu que a desenvolveste?

Para ser empreendedor é preciso ser desenrascado. E eu sou desenrascado mas o facto de ter criado o meu próprio emprego teve a ver com o facto de estar desempregado de estar descontente com os trabalhos que estava a ter; eram muito repetitivos, e eu não sou pessoa para fazer a mesma coisa a toda a hora. A faculdade não nos torna empreendedores. Portanto a nível de formação nunca tive nada que me fizesse empreendedor. Foi mais o facto de ter tido a oportunidade de experimentar outras coisas. As primeiras coisas que fazemos como empreendedores geralmente não dão em nada por isso é importante experimentar para ver se funciona. Se não der, paciência, não se deve ficar a choramingar e deve-se partir para outra. Ah, e ter algum suporte financeiro obviamente, e eu tinha naquela altura.

Como geres a incerteza?

Penso no presente. Disfruto do presente e tento prever o futuro a cada passo que dou.

O que é o sucesso para ti?

O sucesso é poder dormir descansado, poder estar tranquilo com aquilo que faço.

Que conselho darias a alguém que pretende seguir os mesmos passos que tu?

Que procure aquilo que gosta de fazer, aquilo que lhe dá curiosidade. À partida será aquilo em que ele/a será melhor e onde se sentirá melhor. Usar, se possível, as bases de formação que teve no passado mas não se cingir só a isso porque um hobbie pode perfeitamente dar uma profissão: há surfistas que agora são professores de surf, ou alguém que gosta muito de viajar, pode ser um excelente guia turístico nas cidades que conhece melhor.


Sendo engenheiro do ambiente, como vês o mundo daqui a 10 anos?

Com mais carros eléctricos e também podemos esperar da sociedade uma maior pressão para que se construa um mundo melhor. Estou optimista em relação ao futuro mas prefiro não pensar muito nisso. Eu tento viver no presente e sei que estou a fazer uma coisa boa pelo ambiente: primeiro, eu planto árvores e depois faço-o em agricultura biológica, por isso estou a fazer a minha parte para esse mundo melhor.

Se um dia tivesses de escrever um livro sobre ti, qual seria o título e quem escreveria o prefácio?

Escreveria algo que descrevesse a minha vida em Trás-os-Montes e que falasse sobre a minha paixão pelo mar (sendo eu surfista....) por isso poderia ser algo do género “O Mar no Olival”. Quando ao prefácio… os amigos geralmente conhecem-nos muito bem por isso seriam eles os autores do prefácio.

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