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Felipe Avila da Costa CEO Infraspeak

Felipe Ávila da Costa

Co-fundador e CEO da

Infraspeake Co-Fundador da Founders Founders

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Behind Business  (BB) - Tu defines-te mais como empresário ou como empreendedor?


Felipe - Sem dúvida como empreendedor, apesar de achar que, cada vez mais, tenho de ser empresário.  O conceito de ser empreendedor está associado à vontade de fazer acontecer - até podemos ser empreendedores dentro de uma empresa, dentro de casa ou em qualquer sítio. O conceito de empresário é mais associado a um gestor de uma empresa. Naturalmente que os empreendedores acabam por convergir para serem empresários a medida que o  projeto cresce.

Já tinhas uma veia empreendedora ou achas que a desenvolveste?

Ser empreendedor é como ser criativo. Há pessoas que nascem com uma maior predisposição a tornarem-se empreendedoras mas eu acho que toda a gente pode aprender, com mais ou menos esforço. No meu caso, eu fui inspirado por pessoas da minha família, por amigos e por amigos da minha família - o meu pai por exemplo e o meu padrinho, eles todos foram de certa forma a minha inspiração.  Depois, devido ao facto de ter caminhado para a área tecnológica já que a minha formação é em engenharia informática, comecei cedo a experimentar e a começar projetos na faculdade, como o núcleo de computação gráfica ou a júnior empresa da faculdade… por isso parece que foi um caminho natural para mim.

Estiveste sempre de volta dos teus próprios projectos?

Quando acabei a formação fui trabalhar por conta de outrem por uns tempos. Depois lancei um projeto mas não correu bem e voltei a trabalhar por conta de outrem. Quando fui trabalhar pela segunda vez por conta de outrém já fui com uma perspectiva mais confinada no tempo para ganhar experiência e dinheiro para depois, quando surgisse a oportunidade, voltar a criar soluções novas.  Por isso, no meu caso foi ter tido inspiração de pessoas próximas de mim e o facto de ter estado na faculdade, onde tive espaço para criar e gastar tempo com essa experiências.

Quem é que inspira?

Nunca fui muito de ter ídolos. No entanto, posso dizer que tenho inspirações de pessoas mais próximas como o meu pai. Tenho inspirações de personalidades fora do mundo dos negócios, pessoas que lutaram por ideais acima de si próprios com o Nelson Mandela, Dalai Lama, Gandhi. As pessoas que são focadas mais no ser do que no estar são as que mais me inspiram.

"As pessoas que são focadas mais no ser do que no estar são as que mais me inspiram."

Quais foram as tuas maiores dificuldades como empreendedor?

Por exemplo, quando iniciei o meu primeiro projecto, que era um portal para pessoas interessadas em desenvolver websites, ou aplicações, que quiser receber feedback e dar feedback sobre a usabilidade desses portais, cometemos todos os erros de um novato nestas andanças: apaixonámo-nos pela ideia e só pensámos no modelo de negócio 6 meses depois de termos começarmos. A equipa começou a desfazer-se no momento em que as pessoas começaram a receber propostas de emprego; como não estavam a ganhar nada naquele projeto, e nem sequer estava previsto ganhar nada, então as pessoas começaram a arranjar outros trabalhos, e as pessoas foram cada uma para seu lado. Há uma frase que diz que “Qualquer projeto ou startup sem modelo de negócio não é uma startup, é um hobbie.” Obviamente que, depois das pessoas terem começado a ter outras vidas, o projecto morreu. Fiz uma análise das razões pelas quais aquilo tinha falhado e uma das principais conclusões foi por eu ter falta de experiência.  

E depois voltaste à carga com outro projecto?

Eu estava a mastigar as razões pelas quais o projeto falhou. Nesse meio tempo que criei uma conferência chamada “Talks 2.0: Erros e Sucesso na criação de empresas tecnológicas.” Resolvi organizar uma conferência, supostamente pequena, com a ideia de juntar pessoas do meu curso que tinham criado empresas para partilharmos os erros e os sucessos. Apercebi-me que os bilhetes esgotaram logo! Tomei a decisão de adiar o evento, para poder arranjar uma sala maior, e lá fiz, um mês depois, no auditório principal da faculdade de engenharia do Porto. O evento foi um sucesso, de tal forma que, dos 13 oradores,  recebi proposta de trabalho de 3! Agora eu costumo dizer que qualquer pessoa que queira ser convidado para um emprego, nada melhor do que organizar um evento e convidar os desejados potenciais empregadores, porque se o evento correr bem, há uma grande probabilidade de receber uma proposta de emprego. E foi assim que eu comecei a trabalhar na UPTEC. Mesmo tendo as opções de ir para trabalhar para consultoras, eu preferi ficar no Porto e na UPTEC.

O facto de te juntares à UPTEC foi um grande passo na tua carreira?

Sim, aprendi imenso. Aliá, os erros são muito bons para aprender mas é sempre melhor aprender com os erros dos outros. Estive exposto a muita coisa e nesse tempo aprendi e ensinei; foi muito enriquecedor. Passar 5 anos naquele ambiente, numa altura importante para o empreendedorismo em Portugal,  ver o número de startups incubadas a crescer exponencialmente… foi uma experiência rica nesse período porque tinha gosto para perceber e apoiar o ecossistema, desde chegar aos investidores, ser mentor, etc. Depois deixei a UPTEC para me focar na infraspeak. Um ano depois, sensivelmente, estava a fundar, juntamente com outros 4 empreendedores, a Founders Founders.

Então a Infraspeak começa com a tua experiência na UPTEC.

Sim, juntei-me ao Luís e começámos a trabalhar no projecto que se tornaria a Infraspeak.  Um grande desafio. Os passos iniciais são os mais complicados porque é necessário primeiro perceber o mercado.

Então se não fosse a conferência  Talks 2.0, não terias chegado à UPTEC e não terias fundado a Infraspeak.

Creio que está tudo ligado porque se não tivesse falhado no primeiro projecto, na minha primeira tentativa, talvez não tivesse feito o evento e não tivesse tido a oportunidade de trabalhar na UPTEC. Está tudo interligado, tudo faz parte de um percurso.

A Founders Founders é um incubadora ou aceleradora?

É difícil de definir mas diria que é um incubadora de scale ups, empresas já com estrutura de vendas, com carteira de clientes, mas nós preferimos chamar-lhe de comunidade.

Qual foi atitude mais corajosa que já tiveste de ter?

Eu acho que toda a gente que se mete nesta vida é muito corajosa, ainda mais quando já se sabe o que implica.  Há sempre muito risco associado. E há muitas incertezas mas tentamos ter sempre a abordagem de correr apenas riscos calculados. O que é giro no empreendedorismo é que para toda a boa prática e recomendação que se dá há sempre vários exemplos de quem fez o contrário e que foi bem sucedido.

Tu consegues ter um dia típico de trabalho?

(mostra o seu caderno escrito, rabiscado, com bullet points de tarefas, muitas delas já riscadas) Como podes ver, não há. O meu trabalho habitual nestes dias é dar empoderamento às pessoas, dar-lhes espaço para fazerem bem o seu trabalho. Portanto,  muito do meu tempo hoje é passado a desbloquear coisas, a tirar barreiras da frente das pessoas. O que é mais típico no dia é estar sempre a mudar o chip o dia todo, entre definir o que vou apresentar amanhã ao cliente, lançar uma nova funcionalidade do produto e discutir o plano de lançamento... estar constantemente a mudar o chip, impor o ritmo e limar as pontas. São as minhas tarefas. Costumamos dizer que “Isto tem de ser uma orquestra: cada um é especialista na sua área mas a música tem que se sair bem, em conjunto, em harmonia”.

Como defines sucesso?

Há vários sucessos e nós já atingimos vários níveis de sucesso. O primeiro nível é conseguiremos tornar empresa referência na área, ter uma boa presença a nível mundial e o resultado disso será o sucesso dos clientes e o sucesso da equipa…  nós temos como lema para a empresa “Be the source of good life”. Eu e o meu sócio vendemos um sonho em particular às primeiras pessoas que entraram na empresa. Temos esse peso nos ombros, de tentar fazer os possíveis de modo a cumprir que para com esse sonho, para o qual eles também contribuíram imenso. Muito do sucesso é entregar essa promessa aos clientes, aos colaboradores e à família, que tem também feito muito para que isto tudo aconteça, para que quando chegar ao fim possamos olhar para trás e dizer que valeu a pena tudo isto para toda a essa gente - isso será o maior sucesso. Depois há o efeito colateral disso que é um sucesso financeiro. Eu vejo este como um meio para fazer outras coisas, para poder, por exemplo, ajudar mais empreendedores, para investir em mais empresas e para podermos ajudar a Founders Founders.

Dos vários sucessos que atingiste, qual é aquele que tu mais aprecias agora olhando para trás?

Há uma coisa que muito aprecio, e que acho que é um sucesso, que é a cultura da empresa. Foi construída ao longo do tempo com a soma de várias pequenas partes, como o perfil das pessoas que nós contratamos. Por exemplo, nós temos a cultura de celebrar todas as pequenas vitórias; por cada cliente novo nós festejamos em equipa, na nossa beer wall, onde bebemos uma cerveja artesanal. Há pequenas coisas que somadas fazem a diferença. Depois há as milestones, como por exemplo o primeiro cliente, a obtenção de um cliente de referência, um cliente num novo mercado, a primeira e a segunda ronda de investimento. Há uma série de acontecimentos, que na soma delas todas, fazem o que a empresa é hoje.

Como é que geres a incerteza?

A nível do gestor, é relativamente fácil: é fazer exercícios de projeção e preparar cenários e fazer planos para cada cenários. A nível da pessoa já é mais complicado porque não há uma teoria.  Eu diria que é tentando olhar para os lados positivos das coisas e ter um caminho. À medida que vamos caminhando, vamos adaptando o caminho e dar passos calculados. A melhor forma de gerir a incerteza, que é constante a todos os níveis nesta vida, é estar em movimento. E, claro, ter a equipa certa.

Como é que tu vês o mundo daqui a 20 anos?

Qualquer exercício desse tipo é futurismo puro. Tive um professor no MBA que diz que quando se fazem projeções para a empresa, que são geralmente feitos para 3, 5 ou 10 anos, o que eu quero saber, para tentar perceber onde vai estar a empresa nessa altura, não é “conhecer os comboios que ainda não partiram” mas sim “saber quais são os comboios que já partiram”.  Seguindo esse raciocínio, e analisando os comboios que já partiram, vão existir muitas questões tecnológicas e sociais. O mundo vai mudar muito em termos tecnológicos, como por exemplo no sector elétrico, que vai claramente crescer, juntamente com a área da autonomia e da mobilidade, a automação, quer industrial quer de serviços, assim como a área da agricultura e a área alimentar, incluindo nesta a parte laboratorial, que se vai desenvolver para que exista uma maior eficiência. Agora, em relação às questões sociais, irão haver muitos desafios: prevejo um aumento cada vez maior das desigualdades - vão haver cada vez menos pessoas a ter muito e muitas pessoas a terem pouco. Isto ainda será mais afetado com a questão dos empregos e da vinda da inteligência artificial e da automação. Portanto, há risco do aumento dos conflitos sociais. Vai ser um dilema: um mundo muito interessante devido às evoluções tecnológicas, inclusive a nível de emprego, com a chamada gig economy, em que as pessoas trabalham por projetos curtos em vez de terem vínculos longos, em estilo freelancer, mas será um mundo muito desigual se não for acompanhada por alterações e melhorias a nível social. Poderão haver riscos sociais grandes mas eu costumo ser positivo e por isso acho que apesar disto tudo, de todos os desafios, o mundo continuará a adaptar-se. Eu, que tive uma filha recentemente, espero que ela tenha ainda tenha um mundo fixe onde possa viver.

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