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José  Ruivo

Jose Ruivo Noocity

Co-Founder and CEO of NooCity

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Behind Business  (BB) - Consideras-te como empreendedor ou empresário?

 

José- Gosto mais de me assumir como empreendedor porque o que eu mais gosto é criar: construir e pensar um negócio de raiz, desde a sua base, a ideia, o produto, pensar nos canais de distribuição, como chegar ao cliente. Estas são fases do empreendedorismo. O empresário terá sempre responsabilidades numa organização já estabelecida, em que o negócios já está em velocidade de cruzeiro. Mas, se tudo correr como esperado, terei de me tornar empresário quando a Noocity crescer.

Como é que surgiu a ideia de criar uma horta em casa?

Foram vários factores. Eu, e mais dois amigos, estávamos numa fase da vida em que equacionávamos sair do Porto e deixar de viver na cidade e passar a viver num ambiente mais rural, mais próximo do campo. Sentimos aquele apego pela natureza, pela agricultura; foi sempre foi uma característica que nos uniu. Nós, inclusivé, pensamos em comprar um terreno para nos mudarmos, mas nunca foi muito fácil viabilizar a nossa vida nesses sítios; eu já tinha família e havia a questão dos filhos, e a sua interação com as outras crianças era o factor importante a ter em conta… e então concluímos que seria complicado, que essa mudança seria uma grande ruptura com a vida que tínhamos no Porto. Entretanto, naquela altura nós tínhamos um espaço de trabalho no centro do Porto onde havia um pátio. Resolvemos começar a cultivar, apenas para consumo próprio, mais como ocupação dos tempos livres, mas foi logo aí que começamos a implementar um sistema de rega automática (para não termos de regar todos os dias…).

E aí é que começaram a ser conhecidos pelo sistema de irrigação?

O que aconteceu foi que os nossos amigos que nos visitavam, e mesmos os nossos clientes, começaram a cobiçar o que tínhamos começado a fazer, “Epah que ideia porreira, que coisa interessante! Também gostaria de ter um!” E perguntavam “Vocês não querem vir a minha casa fazer isto?”. Foi aí que vimos que havia muita gente interessada, pessoas que gostariam de ter contato com a natureza, uma pequena horta, um pequeno espaço para cultivar em casa. Constatámos, de facto, que havia uma necessidade e que havia mercado. Juntando a nossa vontade de ter ligação com a natureza, o nosso sentimento de que a vida na cidade precisa dessa ligação com a natureza e a necessidade de mercado, decidimos trabalhar nesta ideia de criar uma empresa que pudesse trazer o campo para dentro da cidade.

Mas devem-se ter reparado com muitas dificuldades ao início… ou nem por isso?

Sim, e eu só mudava o tempo verbal da pergunta porque ainda há dificuldades. De facto tem sido uma experiência incrível, uma aprendizagem enorme, mas não sem dificuldades. É também é isso que nos faz aprender e evoluir! Se não tivéssemos dificuldades nós não conseguíamos aprender tanto. Criar uma empresa, desenvolver um produto que é inteiramente idealizado e produzido por nós, colocá-lo no mercado, encontrar recursos humanos e financeiros, estruturar isto tudo… é um desafio muito grande!

"As empresas são as pessoas. Aquilo que vejo que é fundamental desenvolver são essas capacidades para saber lidar com os outros. As competências de relacionamento humano são sem dúvida o mais importante."

Começaram há quanto tempo?

Há quatro anos. Ao início demorou muito tempo, era tudo muito lento, era mais como um projecto paralelo.  Acabámos por oficialmente lançar a empresa com a campanha de crowdfunding, no Indiegogo, em 2015. Devolvemos o protótipo funcional mas precisávamos de financiamento e também de validar se havia pessoas interessadas em comprar. Essa via de financiamento resultou muito bem - vendemos muito em pouco tempo e depois em 2016 e 2017 definimos uma estratégia para ir para  o mercado.

Qual foi o momento mais gratificante dessa experiência?

Um dos momentos chave foi sem dúvida a campanha de crowdfunding. Foi aí que recebemos a confirmação que havia aceitação por parte do público e o que estávamos a fazer alguma coisa interessante.  Foi claramente um dos momentos altos e que nos deu muita energia.

Durante este percurso qual foi a decisão mais difícil que tiveste de tomar?

Na verdade… foram muitas. Quando temos dois caminhos no percurso e temos de optar por um em detrimento do outro, sem ter testado os dois, é uma decisão muito difícil. Por exemplo, quando temos por exemplo de decidir entre um ou outro mercado: ao optar por um por nos parecer interessante naquele momento, nunca iremos saber como seria se optássemos pelo outro, que também nos parecia interessante à partida (e que até poderia resultar melhor) mas como não o testámos, não sabemos, não há certezas mas temos de avançar.

Nunca te arrependeste do caminho que tomaste?

Já, e voltei atrás para o corrigir. Tomei uma decisão que se revelou errada e voltei atrás. Não me arrependo porque aprendi pelo caminho. Temos de errar muitas vezes.

Qual é o aspecto mais positivo e o mais negativo de ser empreendedor?

O mais negativo, de facto, é a exigência pessoal que o projecto requer; exige um sacrifício, quer a nível pessoal quer familiar. É muitas vezes difícil de conciliar. Por outro lado, o aspecto positivo (de ser empreendedor) é estar a fazer uma coisa de que gosta e de trabalhar naquilo em que acredita. Há liberdade para trabalhar como queres, trabalhar quando queres, trabalhar com quem queres, trabalhar no rumo decidido por ti e pela tua equipa - não tomo as decisões sozinho, obviamente. Isto, no final, é muito compensador.

Consegues me descrever um dia típico de trabalho na Noocity?

Isso não há. Sendo eu o CEO, a última responsabilidade é minha. Vêm muitas vezes ter comigo para qualquer problema que acontece. No entanto, eu divido a semana por dias e cada dia é dedicado a um  tema, seja marketing, vendas, etc, e um dia da semana, a sexta-feira, é o dia em que a equipa se reúne e tomamos decisões. Eu acordo bastante cedo e reservo as primeiras horas do dia para as tarefas mais importantes. Funciono bem de manhã mas à tarde…  a concentração já não é a mesma. Portanto, dedico-me ao mais importante de manhã até ao meio-dia e até lá ninguém conta comigo porque já sabem que estou focado, porventura até “exilado”. À tarde estou mais disponível para o resto da equipa.

Quais é que são as características mais importantes que uma pessoa tem de ter para ser empreendedor?

É, sem dúvida, saber lidar com as pessoas.  É aquilo que eu tento desenvolver em mim próprio e aquilo em que eu estou mais atento. As empresas são as pessoas. Aquilo que vejo que é fundamental desenvolver são essas capacidades para saber lidar com os outros. As competências de relacionamento humano são sem dúvida o mais importante.

Se tiveres que escrever um livro sobre a tua experiência, qual seria o título e os autores do prefácio.

Opah… acho que seria algo do género “Aprendizagens” e pediria a alguns de meus mentores para escreverem o prefácio.  Desde que fundei a empresa, tenho tentado a fazer um esforço para estar sempre em contato com os que têm algo para me ensinar. Às vezes peço-lhes apoio, partilho as minhas dúvidas e discutimos vários assuntos. Alguns mentores estão comigo desde o começo e por isso já passámos por muitos desafios juntos durante este percurso. Eu aprendi muito com eles e portanto são elas que seriam mais adequadas para escreverem o prefácio.

Como encontrar as pessoas certas e como as escolhes?

Esta tem sido a parte mais natural porque nós temos conhecido algumas pessoas no caminho que depois se foram juntando ao projeto, ora por terem colaborado connosco no passado num momento de necessidade nossa para algumas atividades específicas do momento, ou por ter havido uma forte empatia. Hoje a equipa só tem pessoas assim, que se cruzaram connosco em algum momento. Nunca tivemos a necessidade de recrutar alguém. O nosso crescimento, em termos de recursos humanos, tem sido puramente orgânico.

Como ver o mundo daqui a 10 anos?

Eu sou uma pessoa otimista por natureza. Acho que estamos a viver, enquanto sociedade e como habitantes deste planeta, um momento em que enfrentamos questões muito desafiantes. Como sou um forte crente na raça humana, creio que quando enfrentarmos o ponto de viragem, porque ele tem de acontecer, seremos capazes de construir um mundo melhor e mais justo. Talvez não daqui a 10 anos mas daqui a 30 ou 40 anos isso vai acontecer. Acho que estamos a chegar a um ponto crítico e, portanto, precisamos de ter esse ponto de viragem como sociedade.

O que é que Noocity quer dizer?

Nous em filosofia quer dizer mente, intelecto, o pensamento humano. O primeiro termo utilizado para a Ecologia foi Noosphere, onde Sphere significava planeta e Noo derivava do grego “Nous” que significa mente, pensamento ou inteligência coletiva. Ou seja o que fazemos do planeta com a nossa inteligência. Nós quisemos trazer esse significado para a cidade e daí nasceu NOOCITY.

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